Atravessamento Urbano
Nas cidades, há edifícios que o público pode atravessar como se de um caminho se tratasse. A estes edifícios que se abrem para permitir um espaço de transição de um ponto para o outro do meio urbano, são denominados edifícios com atravessamento urbano.
São edificações que se permitem ser permeadas pelo espaço público, facilitando a mobilidade e criando novos percursos para os pedestres. Este gesto do edifício, de criar um interior público para a sociedade num edifício privado, valoriza muito a cidade, assim como também valoriza o edifício. Permite uma compreensão mais profunda do objeto arquitectónico. Há uma interação mais clara entre o objecto arquitectónico e as pessoas enquanto seres sensoriais.
Atravessamentos urbanos são espaços de continuidade urbana, espaços que promovem novas relações sociais e dão um valor a mais no contexto urbano onde se inserem. Nos casos em que este atravessamento incorpora espaços comerciais e/ou jardins, torna-se também um lugar de permanência e não apenas de passagem.
É já de antemão sabido que é no espaço público onde a vida pública acontece, onde as interações sociais ocorrem. O espaço do atravessamento urbano, embora seja no interior de um edifício, tem as características de um espaço público. Esta fusão do espaço público e do edifício dá um novo significado ao espaço público. Ela conecta mais a malha urbana e lhe atribui caráter. Isso proporciona às pessoas novas formas de interação.
Atravessamentos urbanos podem ser lidos como “corta matos” por permitirem uma transição rápida entre dois pontos distantes segundo a configuração dos arruamentos.
O caminhar pela cidade é um exercício que dá vida a cidade, e o atravessamento urbano estimula este acto de caminhar através da oferta de um espaço seguro e acolhedor. O facto de estes atravessamentos não permitirem os carros atribui-lhes uma escala mais humana e a possibilidade de interações humanas.
Atravessamento Urbano para melhoria do contexto urbano
Arquitectos e urbanistas costumam usar o atravessamento urbano como forma de revitalizar áreas da cidade que estejam em falência, ou para reativar antigas ligações. uma vez que estes atravessamentos têm uma capacidade de resinificar o contexto urbano em que se inserem.
Ao atravessar o edifício da E-Moz na cidade de Maputo, pode-se perceber uma interação mais profunda entre nós e o espaço que nos rodeia. O espaço nos acolhe enquanto o atravessamos. Surge um diálogo entre nosso corpo e o edificado. As interações humanas ganham uma nova dinâmica.
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